Demanda por gestão profissional nesse segmento é grande. Apesar de as ações estarem voltadas para causas sociais e filantrópicas, a administração nesse setor deve ser profissional e planejada para gerar resultados
O curso de Administração sempre está no topo da lista das profissões mais procuradas pelos estudantes há anos. No Sistema de Seleção Unificada do Ministério da Educação (SiSU/MEC), essa graduação é uma das mais concorridas do país, pois ela dá uma visão ampla do mercado de trabalho. Os jovens que buscam esse curso terão várias áreas para atuar como Recursos Humanos, Finanças, Marketing, entre outras áreas da Administração.
Contudo, boa parte dos cursos de bacharelado em Administração capacitam os alunos para atuarem em grandes empresas. Outros estimulam o empreendedorismo e o desenvolvimento de micro e pequenas empresas. Mas há um segmento pouco divulgado e com grande potencial de atuação para estudantes de Administração: o terceiro setor.
O Brasil tem cerca de 250 mil organizações fundacionais e associativas do chamado terceiro setor. “Elas têm inúmeros profissionais que trabalham para ela, se configurando um processo de gestão e um nicho de mercado para o administrador”, explica o vice-diretor de Administração e Finanças do Conselho Regional de Administração de Goiás (CRA-GO), Valdinei Valério.
Missão social
Para entender o que é o terceiro setor, o estudante precisa saber quem são os outros setores. O primeiro é o público, focado em prover as atividades e políticas públicas. Já o segundo setor é o empresarial, cuja função é a produção de bens e serviços com intuito de gerar riquezas e lucros.
O terceiro setor, por sua vez, tem fins públicos e não lucrativos. Ele é composto por associações da sociedade civil – associativas ou fundacionais – criadas para resolver um problema social. A Fundação Bradesco, por exemplo, oferece serviços educacionais de excelência para comunidades de baixa renda.
Uma das principais características das associações ou fundações do terceiro setor é a quantidade de colaboradores, sejam voluntários ou remunerados, todos sob um regime de gestão próprio. “Eles têm uma especificidade, pois contam com legislação própria, precisam prestar contas para o governo ou iniciativa privada”, explica Valdinei.
Entre os principais desafios do terceiro setor está a escassez de dinheiro. Essas instituições vivem com recursos oriundos do governo, de doações de empresas, ou de pessoas físicas. Segundo Valdinei, a gestão eficiente é outro desafio que precisa ser superado. “Por isso eu coloco, com tanta ênfase, a participação do administrador na gestão do terceiro setor. O apoio do CFA para que possamos, também, olhar esse segmento que é tão importante, que emprega milhares de profissionais e beneficia milhares de pessoas”, defende o Valdinei.
Com a pandemia da Covid-19, os desafios aumentaram. Valdinei explica que o Governo Federal soltou vários pacotes de apoio às empresas. “Até o momento, não há nenhuma sinalização de apoio para que essas organizações continuem prestando serviços comunitários. Fazendo o papel que seria do próprio estado, elas trabalham para pessoas que, de fato, têm necessidade de serem atendidas”, diz.
Rede Pró-Aprendiz
Valdinei dirigiu, por muitos anos, a Rede Pró-Aprendiz. A iniciativa promove a inclusão social por meio da inserção de jovens no mundo do trabalho a partir de programas de aprendizagem. Ele conta que o programa Rede facilitou a entrada de quase 5 milhões de jovens no mercado.
“O programa teve um impacto imenso na sociedade”, afirmou, ressaltando que a iniciativa é um case de sucesso que ele, orgulhosamente, apresentou na Organização Internacional do Trabalho, na Suíça.
Ana Graciele Gonçalves
Fonte: ASCOM CFA