Ninguém sabe ao certo quando a pandemia vai acabar, mas já é possível constatar parte do estrago que o microrganismo tem deixado na economia brasileira. Segundo pesquisa do Sebrae, em parceria com a Fundação Getulio Vargas (FGV), 45% das micro e pequenas empresas, brasileiras, tiveram que interromper as operações temporariamente e 3,2% fecharam as portas em definitivo.
O mesmo estudo revela que 88,7% dos empreendimentos tiveram seu faturamento diminuído, com queda estimada em 64,2%, em média. Ainda atordoados com o baque, 53% das empresas ainda não realizaram qualquer tipo de medida para contornar o cenário e esperam que o cenário melhore.
“Esse é um problema que o Sebrae já previa. Temos estimativas de que 60% das empresas que não tiverem o e-commerce desenvolvido até 2025 irão desaparecer”, revelou Lucas Hahn, coordenador estadual de comércio e mercado do Sebrae-PR.
Segundo Hahn, as empresas devem reagir imediatamente. Ele ressalta que os consumidores buscam por entrega em domicílio, distanciamento social e questões ligadas à higiene para evitar contaminação.
Na visão do coordenador, agora é o momento de investir em tais segmentos, ou agregá-los ao negócio, de forma a atender às necessidades do mercado. Reforça que a sociedade está mobilizada em consumir produtos e serviços de empresas que têm lógica social e trabalham em prol da população.
“O público está sensibilizado em ajudar o comércio local que está em seu bairro, porque ele sabe da importância disso para a manutenção das suas necessidades atuais, durante a quarentena. Essa é uma tendência, por isso esse relacionamento deve ser cultivado”, recomenda.
Ainda segundo o coordenador do Sebrae-PR, os empresários precisam concentrar esforços na área financeira para verificar quais são seus custos fixos, quanto deve na praça e quanto irá faturar por mês. Ele recomenda prestar atenção quanto à lógica de arranjo de pagamentos, negociação de contas a pagar e a receber e, sobretudo, não cancelar os pedidos já realizados pelos clientes.
Hahn também ressalta a importância de reforçar a estratégia de marketing e vendas, aumentando a divulgação dos negócios na internet. Ele destaca que se até o momento o empresário não percebeu a necessidade da internet nos negócios, é hora de buscar informações e passar por reciclagem profissional.
“Há diversas opções de informação, tais como cursos on-line, palestras, lives com especialistas, capacitações, materiais (em texto, vídeo, e-books e cartilhas) para capacitação. Isso nas mais diversas áreas como: marketing, vendas, gestão, área financeira, legislação, gestão de pessoas, entre outras. Existem, inclusive, cursos sobre como vender produtos nas redes sociais, guia de gestão financeira e como implantar um e-commerce, por exemplo, basta saber procurar”, recomendou.
Oportunidades
O administrador e empresário Sidney Zynger, da empresa Bling, vê na crise não um problema, mas uma oportunidade de ocupar um espaço no mercado, deixado por aqueles que não se prepararam para revolução tecnológica atual. Ele acredita que a médio prazo a normalidade irá voltar, mas as vendas em diferentes canais — tendo a internet como carro-chefe — vieram para ficar.
Para Zynger, o momento requer entender o novo comportamento do consumidor e investir em marketing digital, gestão, vendas e logística 4.0. Além disso, ele recomenda investimento em automação, tanto para os negócios em pontos (praças) físicos ou em comércios on-line.
Ele conta que sua empresa tem trabalhado forte com a integração entre e-commerces e Marketplaces. Destaca a importância de modernizar as empresas com instalação de PDVs inteligentes, certificação digital, notas fiscais (eletrônicas e físicas), integração com os Correios e gestão de estoque.
“Acredito que toda hora é momento de mudar. Se você não mudar, seu concorrente irá fazer isso, sairá na frente e, com toda certeza, poderá pegar os seus clientes”, alertou.
Ao seguir uma das máximas da Economia de que o dinheiro não desaparece, apenas muda de um local para outro, o CEO da empresa Menu, Leonardo Almeida, viu na crise uma oportunidade de crescer. Ele conta que seu negócio — na área de intermediação entre indústrias de bebidas e estabelecimentos comerciais, como bares e restaurantes — de um dia para outro viu 80% de sua clientela ser obrigada a fechar as portas, em razão da pandemia.
Com a queda também de seu faturamento, ele percebeu que era preciso investir em outras frentes para não ser dependente apenas daquele segmento. Além de investir em negociação com minimercados, ele foi buscar clientela em outros estados do Brasil.
Almeida conta que esforço valeu a pena. Por isso, investiu em maneiras de conseguir descontos de produtos para os minimercados, bares e restaurantes (em locais onde o isolamento foi flexibilizado e estão funcionando) e fidelizar a clientela das indústrias que são suas parceiras.
“Saímos de uma adversidade gerada pela pandemia, e não apenas recuperamos a nossa receita anterior à crise, como também batemos o nosso faturamento histórico. Em momentos como esse, é importante investir em pessoal qualificado, pois ninguém faz nada sozinho, e, sobretudo, fazer a leitura correta do que está acontecendo no mercado”, avalia.
Por Leon Santos – Assessoria de Comunicação CFA
Fonte: ASCOM CFA