Novo perfil é tendência no mercado e promove destaque de empresas bem sucedidas
Um estudo denominado “Empresas Humanizadas no Brasil” — divulgado em 2019, por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP), Campus São Carlos-SP — revelou que as organizações que se preocupam com as necessidades de seus colaboradores, e de seus stakeholders em geral, obtêm mais lucro e produtividade. Foram avaliadas 1.115 empresas que, juntas, representam 50% do PIB brasileiro.
Durante o tempo de análise, de 4 a 16 anos, os pesquisadores constataram que as instituições humanizadas conseguiram aumentar em 240% a satisfação de seus clientes, e 225% de aumento no bem-estar de seus funcionários. Com isso, houve maior engajamento e também melhorou a qualidade dos produtos e serviços.
Segundo definição dos pesquisadores Sylvia Vergara e Paulo Durval Branco, da Fundação Getulio Vargas (FGV), ‘empresa humanizada’ é toda instituição que é voltada aos seus funcionários e ao meio ambiente — seja ele social ou mesmo a natureza (flora e fauna). Agrega valores que ultrapassam a maximização do lucro e o retorno financeiro; ao promover melhoria na qualidade de vida e de trabalho e adotar ações contra desigualdades e diferenças de raça, sexo ou credo.
Além de investir no estímulo às capacidades humanas — no desenvolvimento e consequente retenção de talentos —, as instituições que adotaram tal modelo também promovem o intraempreendedorismo. Deste modo, geram autonomia, criatividade e ainda aumentam o engajamento organizacional.
“Partindo dos valores que a empresa se baseia e constrói, suas ações vão refletir em tudo: do atendimento ao cliente, na parceria com os funcionários e até nas ações sociais realizadas junto à comunidade de seu entorno”, explica a administradora e pesquisadora, Jaqueline Rosa, da Universidade Federal de Roraima (UFRR).
De acordo com a professora, as instituições que desejam aderir ao conceito precisam realizar, primeiro, o que chamou de reflexão e diagnóstico. Devem saber quais valores a empresa está baseada e quais deles estão presentes em todas as áreas da organização.
Na sequência, segundo ela, é preciso verificar se a gestão está alinhada aos valores da organização e se os funcionários os conhecem e os vivenciam. Além disso, precisam avaliar o nível de clima organizacional, os dados de entrevistas de desligamento (relato de motivos) e os índices de absenteísmo e doenças, bem como os índices de rotatividade, nível de conflito e o desempenho organizacional.
“Isso só será possível saber após cruzar dados de itens como reclamações, elogios e de observar as formas com que os funcionários resolvem os problemas cotidianos. Realizado esse mapeamento inicial, as empresas devem sensibilizar seu público interno e chamá-lo ao diálogo”, diz.
Ações
A microempresária Marlinda Araújo adota há mais de 15 anos as práticas empresariais humanizadoras, em sua franquia de design de sobrancelhas, em Balneário Camboriú-SC. Motivada por ideologia própria, baseada em respeito e transparência, ela acredita que existe relação de troca e dependência que envolve a empresa, os funcionários, clientes e fornecedores.
Segundo Marlinda, ao comparar à gestão anterior (do ex-proprietário de quem comprou a franquia), mesmo com a pandemia, ela obteve maior resultado financeiro e performance, em virtude do tratamento dado junto aos seus stakeholders (grupos de pessoas e instituições que se relacionam com a empresa). Uma das ações adotadas foi a flexibilização de metas, mesmo se o colaborador não atingisse a meta estabelecida.
“Passei a pagar a comissão, independente do atingimento da meta mínima. Entendo que a meta não era alcançada, em razão de uma variável que fugia ao controle dos funcionários e que estava aterrorizando a todos: a pandemia”, diz.
Marlinda avalia que em razão da Covid-19, torna-se uma condição fundamental humanizar toda a sociedade, tanto em relação aos funcionários quanto às organizações — sejam elas públicas ou privadas. Ressalta que sua empresa teve de mudar e se adequar, em tempo recorde, a quase tudo que surgiu durante a pandemia.
“Em paralelo à mudança, tivemos que conviver com os nossos medos: o da contaminação, a dor gerada pela perda de parentes, pessoas próximas ou conhecidas, e o medo do caos social e econômico. Será que ainda assim existe a possibilidade de alguma empresa não pensar em se humanizar?”, questiona.
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Fonte: Leon Santos (Assessoria de Comunicação CFA).