Uma das Soft Skills (competências comportamentais) mais procuradas pelas empresas, a ‘ética’ é tema recorrente não apenas na sociedade, em geral, mas, sobretudo, no mercado de trabalho. Palavra criada a partir do termo grego ethos, ela é um dos principais campos de estudo da filosofia e significa “conjunto de valores morais de um grupo ou indivíduo” (Dicionário Michaelis, 2015) e para Aristóteles como “fator algo inerente à virtude e ao que é bom e justo”.
Já uma visão mais moderna, dos autores Hilton Japiassu e Danilo Marcondes, a ética se volta à “reflexão sobre as razões de se desejar a justiça e a harmonia, e sobre os meios de alcançá-la”. No mercado de trabalho, ela expressa a conduta de cada colaborador, a relação entre colegas e chefes, bem como constrói a reputação profissional de um indivíduo ou mesmo a destrói.
Não à toa, o termo está relacionado a inúmeros casos de demissões, em razão de atitudes que desvirtuam as condutas morais, estabelecidas pela sociedade e pela organização. A frase “As pessoas são contratadas por suas habilidades técnicas (Hard Skills), mas demitidas por suas atitudes (Soft Skills)” — muito utilizada por profissionais de RH — dá uma pista sobre o que está relacionado ao termo.
O mercado espera de um colaborador comprometimento com a empresa que lhe contratou e também responsabilidade com seus deveres laborais, urbanidade, respeito, lealdade e justiça. A importância do tema é tamanha que justifica a existência dos ‘conselhos de ética’, para julgar casos específicos, de acordo com os valores da profissão, e até mesmo situações graves e ilegais como assédios moral e sexual.
Por mais subjetivo que sua definição possa figurar, ela é um aprendizado de vida que abrange posturas como pontualidade, responsabilidade com o trabalho e honestidade. Engloba, ainda, coerência (atitudes compatíveis com o que é dito), gentileza (com todos da organização) e separação entre o público (incluindo o que é de um terceiro, neste caso a empresa), e o privado (vida pessoal).
A ética é, ainda, uma via de mão dupla, ou de reciprocidade mútua. A empresa não poderá cobrar tal valor de outrem, se ela mesma não a pratica — seja em relação aos colaboradores ou aos demais stakeholders (clientes e fornecedores, por exemplo).
É, portanto, um ativo intangível na vida pessoal ou profissional, que ajuda a manter a ordem, a paz e até mesmo a credibilidade. Não por acaso, as políticas organizacionais, o marketing institucional, e também o pessoal, têm recebido o merecido destaque nas últimas décadas, seja positivo ou negativo, pois é o que diferencia o ser e o parecer.
Fonte: Leon Santos (jornalista da Revista RBA).