Que 2020 foi um ano difícil em todos os sentidos, ninguém tem mais dúvidas. A Covid-19 alterou o ritmo mundial, mudou planos e sacudiu a vida de todas as pessoas não só na vida social e econômica mas, sobretudo, na saúde mental. Para entender melhor o assunto, o Conselho Federal de Administração (CFA) promoveu, na última quinta-feira, 5, a live “Saúde mental na pandemia”. Participou do evento a pesquisadora na Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo (FIA e FEA/USP) e sócia na Farol de Carreira, Sylvia Hartmann.
Tão logo a pandemia começou, as empresas tiveram que se adaptar e, em razão do isolamento e do distanciamento social, aquelas que não atuavam em atividades essenciais tiveram que dispensar os funcionários para o chamado home office. Na live, Sylvia deu detalhes de uma pesquisa da FIA, divulgada recentemente, que revelou detalhes dessa modalidade de trabalho. “Esse foi um assunto que sempre me interessou e, com a pandemia, surgiu a possibilidade de realizar um levantamento relâmpago sobre isso. E a ideia foi trazer algumas respostas, pois é um tema que afetou a vida de muitas pessoas”, disse.
De acordo com o levantamento, dos 1.295 que responderam a pesquisa, 73% sentem que o trabalho em home office proporciona maior satisfação; 70% gostariam de continuar trabalhando nessa modalidade após a pandemia; e 64% consideram que sua produtividade em casa é maior ou igual a da atividade presencial. “A gente falou com pessoas que não trabalhavam em casa antes da pandemia. Eram trabalhadores, que iam para o escritório e, de repente, passaram por mudanças drásticas e que, apesar de todos os desafios, a maioria gostaria de continuar trabalhando em casa após a pandemia”, explicou.
Mas, e onde entra a saúde mental nesse cenário? Segundo a pesquisa, 67% das pessoas que participaram do levantamento sentem que seu trabalho em home office é compatível com os cuidados da própria saúde mental; 63% afirmam que trabalhar em casa é compatível com os cuidados com sua saúde física. Além disso, 76% afirmaram que o home office é compatível com a convivência familiar e 73% sentem que é possível conciliar o trabalho com o cuidado com a família.
“O que a gente pode inferir desses números é que muitos desses profissionais que passavam muito tempo nos escritórios e em compromissos de trabalho, apesar desse conflito de ter que encaixar todas as atividades dentro de casa, passaram a ter mais tempo com as famílias e isso foi percebido por eles como um ponto positivo”, conta Sylvia.
Com relação ao gerenciamento de equipes remotas, ela explica que estudos anteriores já apontavam as dificuldades das chefias em liderar profissionais a distância. A pesquisa da FIA/FEA/USP mostrou que, na atuação em home office, a maioria dos empregados contou com o suporte da chefia e 65% está satisfeita com seus chefes. Porém, há uma dificuldade maior no processo de gestão do desempenho e capacitação, pois apenas 44% dos respondentes do levantamento afirmaram receber de sua chefia avaliações de desempenho.
“É muito diferente você avaliar a pessoa por horas trabalhadas, que entra às 8h e sai às 18h, por exemplo. Nem todas as empresas brasileiras estão habituadas a fazerem uma gestão por resultados e esse é um dos grandes desafios”, afirmou.
A live aconteceu no canal CFAPlay. Para conferir o conteúdo na íntegra, clique aqui.
Ana Graciele Gonçalves
Fonte: Assessoria de Comunicação CFA